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A Ação Griô Nacional é um projeto aprovado no Ministério da Cultura e que faz parte das atividades do Ponto de Cultura Arraial da Boa Morte. Desde sua aprovação, os agentes sociais denominados ”Mestres Griôs ou Griôs de Belo Vale”, estão desenvolvendo atividades lúdicas e educativas com crianças, jovens e adultos, fazendo uma integração do saber oral tradicional com as comunidades quilombolas da Chacrinha e Boa Morte.
Um dos objetivos deste projeto é difundir a cultura regional levando os grandes saberes dos mestres Griôs às escolas e às comunidades, principalmente aos jovens, que como aprendizes poderão repassar o que aprenderam a outros jovens, multiplicando conhecimentos e práticas que fazem parte da nossa tradição e permitem uma constante reconstrução da história.
A importância dos “Griôs” na sociedade é plural. Os griôs são considerados “mestres” que dominam algum saber prático ou algum saber popular, saberes estes que estão se exaurindo a cada dia pela ausência de incentivos ao ensino de tais conhecimentos.
A palavra “Griô”, abrasileirada por um ponto de cultura da Bahia, tem origem francesa, vem de Griot. Na tradição oral do noroeste Da África, O Griô é um(a) caminhante, contador(a) de histórias, poeta, artista, comunicador tradicional, mediador político. Ele é o sangue que circula os saberes e histórias, mitos, lutas e glórias de seu povo, dando vida à rede de transmissão oral de sua região ou país. Este significado traduz a magnitude deste projeto, pois o sangue circulando, significa vida em abundância.
A cidade de Belo Vale é infinitamente rica pela presença de Griôs e Mestres de tradição oral. Podemos considerar um privilégio a cidade ser contemplada com a participação neste projeto, pois através do incentivo do Ministério da Cultura, as comunidades poderão conhecer alguns dos nossos inúmeros mestres e os saberes que os mesmos, com sua simplicidade, irão transmitir aos aprendizes.
Para quem não consegue imaginar a figura de um Griô, com um simples exercício podemos identificá-los em vários espaços. Quem nunca tomou um chá quando doente preparado por algum Raizeiro, grande conhecedor de ervas e ramos do mato? Quem nunca foi bento quando criança ou até mesmo quando adulto por aquela Senhora Rezadeira que tem o poder de tirar mau-olhado, quebranto ou qualquer sintoma que nos tira o ânimo? E quem não gostaria de aprender tecer lindos balaios feitos por Artesãos de bambú? E no horário da famosa “merenda”, aquelas deliciosas receitas de biscoitos, broas e bolos, fazem ou não fazem a diferença na mesa de café dos mineiros? Estes são exemplos de saberes que os mestres griôs da nossa região irão transmitir e assim permitir que estes saberes não fiquem presos ao passado, mas sejam continuamente praticados no presente e futuro.
O projeto traz diversas oficinas a todos que desejarem aprender um pouco da rica tradição que Minas Gerais reflete no cenário cultural brasileiro. As comunidades estão sendo beneficiadas com oficinas de confecção de artesanato de bambu, oficinas de construção de muros de pedras, oficinas de biscoitos, oficinas de raízes e plantas medicinais e nesse ritmo de aprendizagem mútua, como bons mineiros que somos os encontros não deixam de ser alegrados com muita festa, músicas, rodadas de poesias, histórias e a presença indispensável dos nossos Mestres Griôs. Outras atividades que estão sendo realizadas pela Ação Griô Belo Vale são palestras sobre Turismo Cultural, Desenvolvimento Regional, Práticas de Cidadania e Direitos Fundamentais do Cidadão.
Este trabalho é fruto do esforço da APHAA-BV em preservar e valorizar as riquezas do patrimônio e da tradição cultural presente na cidade de Belo Vale.
TEXTO: Lívia Leão
Historiadora e Griô Aprendiz do Projeto
FOTOGRAFIA 1: Mestre GriÔ Maria Domingas nas ruínas da Chacrinha relembra o passado e conta histórias do tempo da escravidão
FOTOGRAFIA 2: Os Griôs da cidade de Belo Vale reunidos nas Ruínas da Chacrinha para gravar documentário sobre a HISTÓRIA DE VIDA DA GRIÔ DOMINGAS!
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